E o que é que se faz em Sossusvlei? Passeia-se no deserto. Existem várias opções: ir no próprio carro com a aventura de ficar soterrado, ir de balão ou ir em modo excursão. Dada a nossa aventura no dia anterior, a primeira opção nem teve hipótese e depois, como ainda estávamos no início das férias e era chato gastar o dinheiro todo numa viagem de balão, fomos numa excursão organizada pelo Lodge com apenas seis pessoas.
A viagem começou cedo e estava um frio do catano. Os 40km (ou 60, já não me lembro bem) até ao primeiro ponto de paragem foram bem dolorosos, três camadas de roupa e um cobertor não foram suficientes. Ah sim, a carrinha era toda aberta. Parámos para tomar o pequeno-almoço debaixo de uma Acácia gigante, linda, tanto para ganhar energia, como para conhecermos um pouco os nossos colegas de aventura. Foi aí que começámos a dar conta que o português é bicho raro na Namíbia.
Frio ultrapassado e energia no máximo, surgiu a questão: quem quer subir à maior duna de Sossusvlei, a Big Daddy? O casal mais velho, provavelmente, experiente nestas coisas, disse logo que não. Nós e um outro casal fomos na loucura. Trezentos e vinte cinco metros não parece muito se ignorarmos a areia, o calor, o vento e a falta de corpinho atlético. Ao fim de cinco minutos, nos breves momentos em que era capaz de falar, só conseguia dizer o quão estúpida tinha sido aquela ideia. É tão doloroso. A outra moça desistiu a meio, eu estava quase morta mas não dei parte fraca, porque sou bicho orgulhoso. Ao longo da subida, a paisagem é cada vez mais impressionante e se imaginarmos que parte daquilo já teve água, é de ficarmos sem palavras (o cansaço também ajuda!). Mas chegar ao topo é maravilhoso. Se nos abstrairmos das pessoas à nossa volta que estão a fazer o mesmo, chega a ser comovente. Depois, vem a parte "fácil", de descer a duna a pique. Sugestão: descalçar os sapatos! Depois de tanto esforço, a sensação de conforto é gigantesca. Cá em baixo, esperávamo-nos o famoso Deadvlei. Uma imensidão de branco, a contrastar com o laranja das dunas, o azul do céu e pelo meio, umas pinceladas de castanho, fruto das árvores secas que ainda persistem de pé. É muito díficil para mim, que não tenho experiência de escrita, descrever este lugar. Para ser sincera, nada do que eu disse e vou dizer sobre esta viagem faz juz ao que vi. É muita beleza.
A excursão durou no total umas cinco horas e quando regressámos ao Lodge, eu estava mais morta que viva. Cansaço, suor, areia por todo o lado (mesmooooo) e uma bolha num pé. Mas tínhamos ainda uma surpresa à nossa espera. Fizeram-nos um upgrade de quarto (don't ask why) e fomos parar a uma suite brutalíssima, com jacuzzi no exterior e uma casa de banho gigantesca com banheira panorâmica incluída! Se pensarmos na falta de água que este país tem, isto até é um crime. Mas mais! Um prato cheio de comida que caiu que nem ginja dada a fome que trazíamos. Foi um final de dia do caraças!
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