Até parece brincadeira que o meu último post fosse sobre ficar em casa. Há dois meses atrás, quando o escrevi, estava longe de saber que um vírus ia por toda a gente de quarentena.
O COVID começou na China e rapidamente se alastrou para o mundo. Parece fácil de adivinhar, já que quase tudo é "Made in China" (piada fácil). E Portugal estava muito aborrecido porque todos os dias era a mesma coisa, zero casos no país. Não faltavam memes por essa internet fora a gozar e a dizer que até na desgraça, nós éramos os últimos. Até que ele chegou, devagarinho, um caso aqui, dois ali. E a malta estava toda contente, porque finalmente, mudavam as notícias e antevia-se desgraça da grossa. Mas o que começou devagar, avançou depressa e em pouco tempo, começou a pedir-se que as pessoas ficassem em casa, a trabalhar ou não, dependia do emprego e das respetivas empresas. A malta foi para a praia. Estava bom tempo, o Agosto estava longe, fazia lá algum sentido ficar em casa. Eu também queria, mas felizmente, tenho dois palmos de testa e sei que nem tudo o que se quer, se tem.
As recomendações passaram a ser levadas a sério e há menos de uma semana, meio país foi para casa. Não sem antes, claro, correram para tudo o era supermercado, enchendo carrinhos e esvaziando prateleiras. Na minha visão negativa do ser humano, tudo o que se baseia no bom senso das pessoas, está condenado ao fracasso. Mas isto sou eu a falar.
Valha-nos o sentido de humor e a possibilidade de brincar com a situação, principalmente, com os pais de criançinhas pequenas, que, por estes dias, já devem a correr com os putos ao estalo.
Mas se excluirmos os alarmistas, os chicos-espertos e os idiotas que lançam notícias falsas ou tentam encher os bolsos com a situação, eu até acho que a malta está a levar isto a sério mas de ânimo leve e dou por mim, espantadíssima, com o comportamento correto das pessoas que ficam à porta das farmácias e mercearias, pacificamente, à espera da sua vez. Nos últimos cinco dias, saí duas vezes para fazer compras. É bastante, mas não tinha stock em casa para aguentar duas pessoas 24h por dia. Tirando a minha ida ao Continente que estava cheio de pessoas com pouco bom senso, tudo o resto tem sido pacífico e exemplar. Mesmo quando implica ficar de pé, na rua, mais de 30 minutos.
Eu estou a trabalhar de casa e estou muito feliz. Mantenho a rotina de acordar cedo e "chegar cedo ao escritório" (improvisado na cozinha). A manhã passa-se a trabalhar, o homem trata do almoço, eu limpo a javardeira que fica, à tarde trabalha-se mais um pouco e ao final do dia, antes de preparar o jantar, ainda me sobra energia para fazer alguma gestão da casa. Pode acontecer que daqui a umas semanas, eu venha aqui soltar palavrões e dizer mal disto tudo, mas para já, estou nas sete quintas. Temos que tirar proveito das coisas boas que se podem fazer com este extra de tempo que ganhamos por estar sempre em casa.
A minha sugestão, para além dos cuidados básicos que todos sabemos, é: sejam pacientes, vejam o lado bom da situação e aproveitem para fazer coisas diferentes. Acredito que quando isto passar e tivermos que regressar aos nossos escritórios, vamos todos desejar ter podia ficar mais um bocadinho em casa.
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