O fim da aventura aproxima-se e ao contrário de outras férias, que fico com saudades de regressar a casa, aqui a vontade foi de ficar e continuar a explorar. Foi dificil não pensar que estávamos a chegar ao fim, enquanto fazíamos mais cinco horas de estrada (em estrada de alcatrão, thank god!), mas neste penúltimo dia ainda havia muito para aprender e guardar nas nossas memórias.
Para último destino escolhemos o Cheetah Conservation Fund, um espaço dedicado à conservação das chitas, mas com uma grande vertente pedagógica. A chita, ao contrário do que eu pensava, é um animal bastante vulnerável e muito em baixo na cadeia alimentar. No seu habitat selvagem, tem ínumeros predadores, nomeadamente, leões, que são mais fortes e no caso das fêmeas, vivem em grupo. Se o seu território não for suficientemente extenso, a probabilidade de confrontas com outros predadores é grande e infelizmente, a chita perde quase sempre. Colocá-los em territórios protegidos, como o Etosha, não é solução, exatamente pelo que eu expliquei. Por isso, o melhor a fazer por elas, é deixá-las livres. Só que na Namibia, quase todo o território é propriedade de alguém e muita gente vive de gado. Ora, quando um animal aparece morto, a culpada é sempre a chita. E um dos papeís fundamentais desta fundação foi arranjar uma solução para este problema. Primeiro, foi explicar às pessoas como distinguir um animal morto por uma chita, ou morto por outro, como o leopardo. Depois, arranjaram uma solução brilhante. Após estudos e experiências, descobriram que havia uma raça de cães de guarda capazes de assustar as chitas e fazê-las pensar duas vezes antes de se aproximarem de uma quinta. Se não estou em erro, a raça chama-se Kangal, é uma raça turca, usada desde sempre como cães guardadores de rebanhos e parecem-se com os nossos rafeiros alentejanos, só que gigantes. Através de uma parceria com a Turquia, a fundação cria os cães e entrega-os a alguns fazendeiros, que passam a ser os responsáveis pelos animais. A taxa de mortalidade das chitas baixou quase 80%! Eu fiquei perplexa!
Claro que boa parte do trabalho desta fundação é também receber animais, seja para depois soltar em liberdade, seja para ficarem em cativeiro dada a situação em que se encontram. Por exemplo, crias com menos de seis meses, nunca serão libertadas. Porque não aprenderam o suficiente com a progenitora e como tal, nunca estarão aptas para viverem sozinhas. E foi com algumas das chitas em cativeiro que pudemos ver de perto o quão magnífico é este animal. E é tão giro perceber o quanto se parecem com os nossos gatos de casa. Uma das sessões foi vê-las a comer, assim, pertinho de nós. Parecia que havia um magnetismo e foi dificil sair dali.
Para ajudar nas despesas, esta fundação disponibiliza alojamento com pequeno-almoço e jantar. Nessa noite, éramos apenas nós e mais um casal hospedados. Jantámos na varanda sozinhos e foi maravilhoso.
Sem comentários:
Enviar um comentário