Um Presente do COVID-19

No dia 22 de Abril, a minha mãe liga-me a dizer que tinha nascido um gatinho no meio do passeio, deixado ao abandono e que o meu pai até o tinha ido apanhar porque pensava que estava morto, mas ele ainda mexia e acabou por lhe cortar o cordão umbilical ali mesmo e deitou-o numa manta, na tentativa de a despassarada da mãe regressar. Eu não quis dar muita atenção à coisa, estes episódios acontecem muito numa zona com tantos gatos, mas quatro horas depois, o bicho continuava lá e eu não fui capaz de o deixar morrer ali. Fui buscá-lo, fui ao veterinário comprar leite em pó e sem esperança alguma, comecei a aventura de fazer sobreviver aquele ser tão pequenino com apenas 50 gramas.

Substituir a mãe gata é difícil e por muita dedicação, conhecimento e boa vontade, nunca estamos à altura. Fui muitas vezes parar ao veterinário por não conseguir que ele fizesse cócó e algumas vezes, saí de lá a chorar por achar que "era desta". Mas este bicho mostrou ser forte e quando atingiu um mês de idade eu soube que o perigo tinha passado e que a familia tinha oficialmente aumentado.

No primeiro mês de vida, as necessidades de um gato são as mesmas que um bébé humano. Temos que alimentar de 3 em 3 horas (às vezes duas), massajar para estimular que ele faça xixi e cócó e claro, uma cama sempre quente (eu tinha um saco de água quente elétrico do chinês, que foi o que me valeu). Foi dificil concentrar-me no trabalho já que o meu horário girava muito à volta das horas de comida dele: 2h, 5h, 8h, 11h, 14h, 17h, 20h, 23h. E claro que em todas estas paragens, eu levava 1h a tratar dele, o que faz com que as minhas horas de sono fossem muito reduzidas. Rapidamente, o cansaço era o prato forte do dia.

Quando atingiu um mês de idade, o desafio passou a ser outro. Largar o leite, iniciar nos patês e ensinar a ir ao caixote da areia. Estão a ver os cenários de horror quando se começa a dar sopas às criançinhas? Pois que é igual. Uma javardeira pegada, a começar nele e a acabar na mesa, sem esquecer, euzinha. Ainda por cima, o patê tem um cheiro mega intenso, a casa inteira fica a cheirar àquilo, um horror. Felizmente, já estamos melhor nessa parte e resta-nos a parte do caixote. O sacana faz xixi e cócó em qualquer lado, desde que não seja no sítio certo. Por isso, depois de lhe dar de comer, não o posso perder de vista até ele decidir fazer uma necessidade qualquer e eu agarrar nele e metê-lo na caixa. É tão divertido...

Mas pronto, tenho esperança que quando chegar aos dois meses, este drama acabe e comece tudo a ser mais simples (ou não, já estou por tudo).

Ficam aqui umas fotos bem fofinhas do meu pirralho chamado Wally.


 





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