Viagem À Namíbia - Dia 11

Último dia. O dia de fechar as malas de vez e regressar. Durante a longa viagem até Windoek, um dos temas de conversa foi "que sítios queremos repetir quando regressarmos cá?". E fizemos ali uma espécie de flashback por tudo o que tínhamos vivido nos últimos dias. A verdade é que a Namíbia deixa saudades ainda antes de irmos embora. Mas vá, nem toda a viagem foi lágrimas e tristeza, "felizmente", apareceu uma tempestade de areia e tivemos mais uma aventura para a despedida. E claro, foi uma estreia, que nunca nenhum de nós se viu no meio de um vendaval de areia, muito menos, a conduzir.

Chegados a Windoek, fomos até às instalações da agência e passado pouco tempo, tínhamos motorista para nos levar até ao aeroporto. Até Lisboa, nada de relevante, só fiquei mal disposta no voo de Windoek a Luanda (estava mesmo a ver que me vomitava toda) e confirmou-se que o aeroporto de Luanda é uma valente merda e passar lá seis horas é coisinha para cortar os pulsos. Devia agradecer ao médico da consulta do viajante que me passou Valium e tornou o meu pior pesadelo, numa coisa quase fácil.

Se eventualmente alguém leu esta espécie de diário, peço desculpa por ter levado três meses a terminar, mas não queria mesmo deixar passar a oportunidade de deixar por escrito a aventura que foi e a maravilha de país que a Namíbia é. A maioria das pessoas desconhece e tem receio por ser uma país africano. Por isso, mais do que um diário para eu nunca esquecer, é um relato a incentivar novos viajantes. E se no final do dia eu tiver conseguido convencer alguém a ir até lá, esse alguém que avise. O meu dia não vai ser o mesmo!

E para terminar esta saga, quero ainda deixar aqui um conjunto de recomendações/sugestões (é que estou mesmo a contar que alguém lá vá):
  • Para os menos aventureiros (vá, mais cautelosos), existem planos de férias com excursões à maioria dos sítios onde estive nas agências portuguesas. Na altura, vi na Geostar
  • Para os mais corajosos-vamos-a-isto, recomendo a agência que usámos. Foram sempre muito profissionais, deixaram sempre tudo muito claro e estavam sempre disponíveis. E mesmo com o problema do pneu, não houve qualquer stress com o reembolso que nos fizeram posteriormente (não me recordo se disse, mas nós pagámos o pneu novo e pedimos fatura com os dados que a agência nos deu. No último dia, foi só apresentar a fatura)
  • Antes de ir, deve-se ir à consulta do viajante. Nós levámos três vacinas - febre amarela, febre tifóide e hepatite A. Não só por irmos andar a vaguear pelo país, mas também pela passagem em Angola. By the way, convém marcar consulta e não aparecer lá um dia. A não ser que não tenham nada para fazer e não se importem de lá estar 3h
  • Para conduzir, é necessário que a carta de condução esteja em inglês. Na realidade, só é preciso se a polícia nos mandar parar, mas com tantos quilómetros para fazer, não vale a pena o risco e mais vale tirar a carta de condução internacional. O sítio mais fácil para obter na hora, é numa loja ACP. É levar uma foto tipo passe, pagar e está feito. Estúpido é que só tem validade de um ano
  • Em relação a dinheiros, levantámos no aeroporto e pareceu-nos uma boa decisão. Só tivemos que esconder bem o calhamaço de euros
  • Pagámos muita coisa com cartão de crédito, nomeadamente, o Revolut. Eu percebo pouco do tema, mas o Revolut tem as melhores taxas de câmbio e não cobra comissões pelos pagamentos efetuados. Além disso, na app, fica imediatamente registado o valor gasto em euros
  • Contas feitas, se ainda me recordo, foram cerca de 6000€, duas pessoas, duas semanas. Viagens de avião, estadias, carro, gasolina, refeições, entradas no Etosha e compras. Na altura quando comparámos com o plano da Geostar, os valores não divergiam muito, com a desvantagem que desconhecemos os nossos companheiros de viagem (e são muitaaaassss horas com eles)
  • Conduzir é fácil, se desligarmos o cérebro do que estamos habituados. O volante é à direita e conduz-se pela esquerda. Nas longas estradas de terra é tranquilo, são mega largas e passa um carro quando o rei faz anos. Em Windoek, a coisa é mais complicada, principalmente, no início. Mas faz-se, claro. E ao fim de alguns dias, até parece que foi assim que aprendemos a conduzir
  • A comida é ótima. Pronto, não são muito fortes em sobremesas, mas também está provado que ninguém precisa de açúcar. Ah! O pão também é fraquinho, mas basta sair de Portugal para sabermos isso. Lembrei-me agora que os enchidos também não têm nada a ver com os nossos. Não é mau, mas também não é grande coisa
  • Protetor solar always. Embora se passe horas a fio dentro de um carro, o calor lá fora é muito e mais vale prevenir
  • Se durante o dia é protetor solar, ao anoitecer é anti-mosquitol. Há zonas mais propícias que outras, mas que eles andam lá, andam
  • Se estiverem muito aflitinhos e virem uma bomba de gasolina no meio do nada, parem e vão à casa de banho descansados. Só têm de levar dinheiro (pouquíssimo, acho que nem 50cent é). Foi das coisas que mais me surpreendeu. Limpas, cheirosas, com papel e a funcionar sem problemas. Em zonas onde não chove há anos, é impressionante como conseguem lá fazer chegar água
  • Comida no carro é fundamental. Liquidos, snacks e fruta. Tivemos a sorte de nos terem dado uma geleira e foi mesmo útil. Há noite tirávamos do carro, metíamos tudo nos frigoríficos dos quartos e aguentava-se depois fresco durante o resto do dia. Uma coisa boa para comprar é biltong. Há de vários tipos de carne, mas não me recordo de qual gostei mais. Curisamente, batata frita é coisa que ainda não chegou lá. Está aqui um nicho de mercado, hum?...
  • Ser simpático sempre. Não se armem em superiores, não façam cara feia, não tentem enganar, não sejam estúpidos. Aquilo é mesmo gente boa e merecem todo o respeito
  • Não desperdicem água. É o que mais faz falta e todas as gotas fazem diferença. Há quartos com banheiras mas usar é quase um crime. Pensem sempre antes de abrirem uma torneira
  • Levem uma câmara fotográfica BOA. Esqueçam o vosso Iphone XPTO de última geração. Não serve de nada porque os bichos estão longe pa caramba. Foi das coisas que mais senti falta
  • A par da câmara, não se esqueçam mesmo de uns binóculos. Não sejam tótós como nós, que tínhamos em casa e nem nos passou pela cabeça, levar
  • Uma lanterna pode dar jeito. Há alojamentos que há noite têm pouca luz nos caminhos e é chato irmos tentar entrar no quarto de outra pessoa

Por já se terem passado três meses, não me recordo de mais nada. Ficamos por aqui. Os próximos post serão bem mais desinteressantes.

Sem comentários:

Enviar um comentário