Estes últimos dias foram passados em Cabo Verde, na Ilha do Sal. Muita gente diz que aquilo não tem nada para fazer, que tem muito vento, que só se aproveita a praia, bla bla bla, não presta. Não é mentira, mas também não é verdade. É assim um nim. Nós optámos por uma estadia de 5 dias, 4 noites e na minha opinião, é o ideal. Há tempo para a praia, para o relax, para excursões, tudo menos para achar que a ilha é uma seca.
Nestes cinco dias, a nossa vidinha foi:
- Dia 1: Chegámos ao aeroporto às 18h30m, o voo estava marcado para as 21h30m, mas atrasou meia hora. Felizmente, o nosso aeroporto tem lojas para todos os gostos e nem dei pelo tempo passar (e ainda fiz compras...). O avião era um aviãozeco, pequenito, só com duas fileiras de bancos. E se isso é bom porque os bancos são maiores e mais confortáveis, é mau em tudo o resto. A televisão é da comunidade e passa o que a TAP quer. E o que é que a TAP escolheu? Desenhos animados do Mister Bean (que nem sabia que existiam), um documentário em português sobre o lobo ibérico, mas que não se percebeu nada porque não deram fones (e não havia legendas), a agenda cultural do CCB de JUNHO(!) e ainda um resumo sobre destinos no Brasil. Acho que não podiam ter acertado mais ao lado. E se a programação foi um mimo, a comida foi qualquer coisa de bizarro. Mas lá chegámos. Calorzinho bom à saída do avião, aeroporto minúsculo, ver os passaportes e vistos devagarinho, procurar o transfer, tentar ver alguma coisa no caminho, chegar ao hotel, xixi e cama. Eram umas duas da manhã.
- Dia 2 (dia): Acordar, comer, ir para a praia. E aqui começou o primeiro contacto negativo. O Sal está cheio, mas cheio de senegaleses. Uma verdadeira praga que só chateiam os turistas, impingem estatuetas, quadros e tudo o mais que se lembrem e que não tem nada a ver com Cabo Verde. Isto sim, é o que a ilha tem de mau. Uma pessoa não pode ir descansada sem ter de repetir constantemente, "Não, obrigada". Mas assim que chegámos à praia esquecemos os minutos anteriores. O azul do mar é lindo, paradisíaco e a temperatura da água, não sendo quente, é muito acima da nossa. E se de um lado tinhamos o pontão para poder ver os pescadores a chegar, do outro lado tinhamos uma extensão enorme de areia para passear. Perfeito.
- Dia 2 (noite): Tinhamos perguntado ao senhor da agência que foi ter connosco ao hotel como eram as excursões à noite para ver as tartarugas. Isto, porque um dos senegaleses (Tino, acho que nunca me vou esquecer do nome) já nos tinha falado disso. O senhor recomendou-nos, off the record, a excursão com uma pessoa da confiança dele. E fomos. Grupinho pequeno, de seis pessoas, tudo vestido com roupa escura e com ordens expressas de não fazer barulho, não fumar e jamais tirar fotos com flash. Foi uma excursão digna de um documentário Nacional Geographic. Andámos quilómetros pela areia e nada. Às tantas, avisaram o guia onde estava uma e lá fomos nós quase em corrida. Mas mais valia que não tivessemos ido. O grupo gigante do Tino já lá estava e o que fizeram foi vergonhoso. Mexeram na tartaruga, tiraram fotografias com flash, gritavam, havia até quem estivesse a fumar. Foi mau e triste. A ganância e a ignorância são terríveis. Felizmente foram embora (o dever estava cumprido) e nós continuámos, cansados e já com frio. Mas valeu a pena. Encontrámos uma tartaruga a fazer o ninho e a por ovos. Foi lindo. Ali, sozinhos, no silêncio da praia e praticamente sem luz, a presenciar um milagre da natureza. Não vou esquecer.
- Dia 3: Foi comer e desfrutar da praia. All day long.
- Dia 4 (dia): Excursão de meio dia à volta da ilha, numa pick up. Ora, tirando as estradas principais, tudo o mais é deserto. E o giro é fazer o passeio por aí. Portanto, para além de visitar Palmeira (uma vila pescatória), nadar na Buracona, ver o Olho Azul, passar por Espargos, tentar avistar tubarões e nadar nas Salinas de Pedra Lume, tivemos direito a ingerir uma bela quantidade de pó do deserto. Ele era pó no cabelo, nos olhos, no nariz, nas orelhas (e lá dentro, no ouvido), nas roupas, no corpo, na mochila, na máquina fotográfica, em todo o lado. E foi giro pa caramba!
- Dia 4 (tarde e noite): A ideia era irmos passear na vila (Santa Maria) depois da excursão, mas vinhamos tão porcos e com tanta fome, que tivemos que fazer uma pausa no hotel. A vila é simpática, segura, com bastantes lojas e alguns restaurantes. Mas não é nada de lindo e espetacular. Seria melhor se de facto tirassem de lá o raio dos senegaleses, já que uma pessoa não pode olhar para nada sem que venha de lá um gajo mostrar as suas bugigangas. Comemos um gelado numa gelataria italiana (há muita comida italiana por ali) e jantámos no restaurante do hotel de charme "Ojo D'água". A localização deste restaurante é só assim perfeita, por cima daquela água azul.
- Dia 5: Ficámos no hotel até à hora do transfer e passámos o dia entre a praia e a piscina. O voo, para variar atrasou e foi ainda mais difícil suportar as horas no aeroporto sem nada. Pior foi quando me deu fome e a única coisa que havia de comestível eram chocolates e batatas fritas. Tive de me aguentar até à refeição do voo, uma omelete, fruta e bolo, que me souberam pela vida.
E como o texto já vai longo (e ainda nem chegámos às fotos), quero só acrescentar umas notas extra:
- O hotel onde ficámos hospedados é o Oasis Salinas Sea. É um hotel relativamente pequeno, com instalações modernas, comida boa, excelente praia mas:
- As bebidas são miseráveis. A título de exemplo, um daiquiri de maracujá sabe ao mesmo que um mojito, isto é, sonasol. Têm muito que aprender nesta área.
- O pack tudo incluído não é bem tudo incluído. O restaurante cromo só está disponível para quem fica no mínimo uma semana (e mesmo assim, só têm direito a um jantar) e nos dois restaurantes da piscina, só se tem direito ao buffet (que nestes é minúsculo).
- Achei os animadores um bocadinho para o preguiçosos. Mas pronto, é uma opinião pessoal.
- Os quartos vista mar são uma fantochada, porque na realidade eles são vista lateral mar. E mesmo assim, houve pessoas que ficaram em quartos vista jardim e viam muito mais mar que nós. Tendo em conta que há diferença de preço, mais vale pagar o vista jardim.
- A ilha não produz nada a não ser peixe, por isso, tudo é caro. Os preços praticados são em todo semelhantes aos nossos. Pechinchas não há.
- Também não há artesanato típico do Sal. Nós conseguimos encontrar uma loja na vila que tinha artesanato cabo verdiano, mas que era das ilhas Boavista e Santiago.
- O vento que faz constantemente e que muita gente se queixa, é uma dádiva. É a única maneira de conseguirmos aguentar o calor que faz.
- Toda a gente aceita euros, sendo que os senegaleses chatos só gostam é de notas.
- A maioria dos portugueses que para ali vai devia ficar barrado no aeroporto. Gente que só fala aos gritos, que se dirigem às pessoas do hotel como se fossem empregados de casa deles, que tiram fotografias às tartarugas com flash e que fazem xixi nos chuveiros da piscina. Essa gente envergonha-me. E infelizmente, estavam todinhos no nosso hotel.
E pronto, já me calei. Ficam as fotos que mostram muita da beleza típica desta ilha.
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| Varanda do quarto. De mar vê-se pouco, mas em contrapartida, víamos a animação toda da noite. |
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| Espaçoso, moderno e agradável. |
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| Também no Sex On The Beach falharam. Não consegui beber mais. |
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| Um pedaçinho da nossa praia. |
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| Areia branca e preta. |
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| Há muitos cães no Sal. Andam à solta mas quase todos têm coleira. E só querem é a sombra das esperguiçadeiras. |
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| O que eu chamo de foto perfeita. Tirada no pontão, com um barco de pesca a chegar e um dos muitos meninos que brincam naquela zona da praia. |
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| Mais praia. |
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| Casinhas de Palmeira. |
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Senhora senegalesa. São raras, a maioria são homens a vender.
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| Todo o sítio é bom para arranjar peixe (em Palmeira). |
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| Mais um canito. |
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| O olho de água. Um buraco bem alto onde o sol bate e faz esta maravilha. |
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| A preparar-me para o mergulho na Buracona. |
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| Esta é uma bela vista do que se pode encontrar no interior da ilha. Nada. |
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| Largo central de Espargos, a maior vila da ilha. |
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| Vende-se muita banana nesta vila. Mas não sei de onde vem porque não vi uma única bananeira. |
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| O mercado principal de Espargos. Dá para ver a dimensão da coisa... |
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| Criançada. |
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| Loja de recordações em Espargos. Curiosamente, muito do que lá tinham era senegalês... |
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| Deserto e mais deserto. |
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| A entrar nas Salinas de Pedra Lume. |
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| As salinhas. Bem maiores do que tinha pensado. Depois houve banhoca ali no pedaço de água em baixo. Super salgada e super quente. Quanto mais fundos os pés, mais quente. |
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| No último dia, a tentar aproveitar o sol (mas não aguentei muito, que aquilo queima a sério). |
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| Mais uma foto paisagística. |
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| Fim. |
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